PINGUINS-DE-MAGALHÃES: ANTIGOS VISITANTES
Há vários anos, é comum que nos meses de inverno o nosso país receba um visitante muito especial: o pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus), originário da Patagônia. Isso acontece quando eles sobem o Atlântico na corrente das Malvinas para se alimentar de peixes, e um ou outro indivíduo se perde do grupo, chegando em nossas praias desnutrido e sem forças para voltar para casa sozinho. Era comum que nos invernos a população do sul do Espírito Santo abrigasse alguns poucos pinguins, eventualmente hospedados na Escola de Pesca do município de Piúma.
No entanto, nos últimos anos, com a crescente interferência humana no meio ambiente, o número de pinguins que chegam aqui tem aumentado de forma alarmante. Estes pinguins da última década não estavam "perdidos", eles indicam que alguma coisa está mudando no oceano. Os pesquisadores Pablo García-Borboroglu e Dee Boersma têm relacionado o encalhe de pinguins no Atlântico Sul com a contaminação do mar por óleo de embarcações, e nos últimos anos, com a escassez de alimentos (peixes) devido a fenômenos climáticos (2006, 2010). Pablo Merlo Prata do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA) também tem recolhido indícios de que o motivo seja a escassez de peixes devido à pesca e fenômenos climáticos como El Niño e La Niña.
No Espírito Santo existem registros de pinguins desde o ano 1999, mas a partir de 2006 os encalhes de pinguins tornaram-se mais numerosos. A partir de então ONG's, funcionários de órgãos ambientais e parte da população uniram seus esforços para dar aos nossos visitantes a melhor recepção possível. Organizações como a Escola de Pesca de Piúma, a Organização Consciência Ambiental e o Projeto TAMAR já atenderam os pinguins provisoriamente, em um admirável esforço. Porém, com a inexistência de um centro de reabilitação de animais marinhos no Estado, os pinguins sempre ficavam acomodados em instalações improvisadas, o que prejudicava sua própria recuperação.
Em 2008 a equipe de tratadores e estudantes voluntários que atendia os pinguins já era composta pelos futuros fundadores do IPRAM. No ano de 2009 os pinguins foram tratados na própria residência da Renata Bhering, com a ajuda única de voluntários e doações. Em 2010 finalmente conseguiu-se articular um grupo de trabalho envolvendo voluntários, empresas e instituições dos governos federal e estadual; culminando na fundação do Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (IPRAM), com o objetivo proporcionar uma resposta ao encalhe de pinguins no litoral do Espírito Santo.
QUEM SÃO OS PINGUINS-DE-MAGALHÃES ?
Fotografias de pinguins-de-magalhães em Punta Tombo, na Patagônia Argentina: Autoria de Henri Fiorenza e Tainan Oliveira.
Pinguins não voam, mas estão adaptados para serem velozes nadadores (assista a esse vídeo de um pinguim-de-magalhães nadando no litoral baiano).
Os pinguins-de-magalhães se alimentam de peixes e vivem em grupos numerosos de centenas ou milhares de indivíduos, denominados "pinguineiras". Formam casais monogâmicos, que botam um ou dois ovos por temporada reprodutiva. Nas imagens acima, cada buraco é um ninho de pinguim-de-magalhães!
Possuem uma camada de gordura embaixo da pele, que serve como isolante térmico e também como fonte de energia quando ficam sem se alimentar por muito tempo. Possuem ainda uma camada de ar entre as penas e seu corpo, que ajuda no isolamento térmico.
As penas são bem justapostas. Para impermeabilizá-las os pinguins usam um óleo produzido pela glândula uropigiana, que fica próxima da base da cauda. Com as penas impermeabilizadas, a água não consegue molhar seu corpo.