Hemoparasitas contaminam os pinguins-de-Magalhães na natureza?

Resumo adaptado do artigo original em inglês.
Autores: Ralph Vanstreels, Marcela uhart, Virginia Rago, Renata Hurtado, Sabrina Epiphanio e José Luiz Catão-Dias

Os pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) são originários da Argentina, do Chile e das Ilhas Falkland. São altamente susceptíveis a parasitas sanguíneos como o Plasmodium spp., transmitido por mosquitos, que tem sido documentado como causador de alta morbidade e mortalidade em jardins zoológicos e centros de reabilitação. No entanto, até o momento, não foram detectados parasitas no sangue de pinguins-de-Magalhães selvagens, e não está claro se isso reflete sua verdadeira ausência ou se está relacionado a uma insuficiência de amostragem ou falha nos métodos de diagnóstico.

Figura 1. Distribuição geográfica de estudos que investigam a ocorrência de hemoparasitas em pinguins-de-Magalhães em relação à distribuição natural da espécie e dados históricos de precipitação (adaptado da figura original).


Foram examinados esfregaços sanguíneos de 284 pinguins-de-Magalhães da costa argentina e testadas amostras de sangue com testes de PCR para Haemoproteus, Plasmodium, Leucocytozoon e Babesia. Não foram detectados parasitas no sangue.

Analisando o processo de amostragem de estudos anteriores e a climatogeografia da região, descobriu-se que existe uma base sólida para concluir que os hemosporídeos não contaminam pinguins-de-Magalhães selvagens na costa argentina. No entanto, no momento, não é possível determinar se esses parasitas ocorrem na costa chilena e nas Ilhas Falkland.

Além disso, é preocupante que a expansão da distribuição dos pinguins-de-Magalhães para o norte possa resultar em novas oportunidades para a transmissão de parasitas sanguíneos.


Figura 2. Comparação das normais climatológicas de diferentes locais em relação à ocorrência de Plasmodium em pinguins-de-Magalhães. Os climatogramas apresentam a média máxima (linha vermelha), média diária (linha cinza tracejada) e temperatura mínima média (linha azul) (em graus Celsius, eixo esquerdo) e a precipitação mensal média (barras azuis, em milímetros, eixo direito) (adaptado da figura original).

O Centro de Reabilitação de Animais Marinhos do Espírito Santo (CRAM-ES) contribuiu com essa pesquisa, e funciona através da parceria entre o IPRAM e o IEMA, do Governo do Estado do Espírito Santo.